domingo, 14 de novembro de 2010

Alguns mitos sobre presídios no Paraná:

1)    Familiares dos presos vêm para a cidade formando bolsões de pobreza próximos ao presidio. Esse talvez seja o maior erro que se comete ao comentarmos sobre penitenciarias. Isso não acontece em nosso Estado, pois as unidades prisionais são constituídas para receber os presos da região onde se localizam e as famílias já estão bem próximas, além do mais família de preso não é necessariamente constituída de marginais.
2)    Aumenta o índice de criminalidade na cidade. Nenhum dos municípios paranaenses, onde foram construídos presídios, tiveram seus índices de criminalidade aumentados fora dos padrões normais de aumento de criminalidade em todo o Estado. A crescente demanda de crimes independe da existência de presídios por perto. Basta consultarmos os comandantes de Batalhões onde foram construídos presídios nos últimos anos e confirmaremos esse dado.
3)    Não traz riquezas para o município. São cerca de duzentas vagas que incluem agentes penitenciários, professores, psicólogo, assistente social, médico, dentista, enfermeiros, telefonistas, advogados, etc. A alimentação é fornecida por profissionais da área (cozinheiros, ajudantes, etc.), inclusive com a exigência legal de uma nutricionista, contando que todo o material para o preparo destas refeições é fornecido pelo comercio local. Toda mão de obra utilizada para a construção da unidade, mais materiais e equipamentos são adquiridos na cidade e região.
4)    Os marginais continuam comandando o crime de dentro do presidio. Por oferecer melhores condições de segurança, nestas unidades não há o uso de drogas, não entram bebidas, nem cigarros e tampouco celulares. Esta é uma pratica inexistente nas unidades prisionais modernas.
5)    Fugas e rebeliões constantes. Nos presídios mais recentes, construídos nos últimos quinze anos no Paraná não houve registros de fugas e rebeliões, sendo este item uma constante em presídios antigos, sem estrutura, superlotados e onde prevalecem a desumanidade e o descaso com a dignidade humana. Quando tratamos o ser humano como bicho ele acaba por reagir como tal. A podridão de estruturas ultrapassadas, a superlotação e a mistura de presos gera este fato.
6)    A população se sente insegura com um presidio na cidade. Normalmente, em locais com presídios adequados, a população quando perguntada nem sabe onde ficam estas unidades prisionais devido a pouca publicidade feita. Como invariavelmente se tornam unidades de muita disciplina, passam desapercebidas para a maioria da população. Se verificarmos nos municípios onde tivemos a construção de presídios veremos que a comunidade inicialmente foi contra e depois não mais se manifestou a respeito, isso aconteceu em Ponta Grossa, Maringa, Londrina, Guarapuava, Francisco Beltrão, Cascavel, Foz do Iguaçu e, infelizmente, aqui em Apucarana não está sendo diferente.
7)    Precisamos de faculdades, hospitais, industrias, mas não de penitenciarias. Este passa a ser um grave engano social também. Naturalmente precisamos de universidades, hospitais, indústrias e etc., mas não podemos acreditar que com o crescimento de nossa cidade, a construção de uma unidade prisional não venha a ser uma necessidade. Além do mais, não basta prendermos os criminosos de nossa região, precisamos também trata-los para que não voltem a cometer novos crimes. Precisamos curar tanto quanto possível os nossos jovens acometidos desta praga social que é a violência, a falta de princípios e valores que norteiam a vida marginal, hoje, infelizmente gerada em sua grande maioria pelo uso indiscriminado de drogas licitas e ilícitas.
8)    Quando recebem indultos de Natal, dia das mães, etc., os presos cometem novos crimes na cidade. Por lei o preso indultado é perdoado de seus crimes e sua pena se encerra no momento da assinatura do ato pelo Presidente da Republica e em presídios em regime fechado não existem indultados. Este procedimento é exclusivo para presos em regime semiaberto (presos que já cumpriram uma parte da pena em regime fechado e agora saem alguns finais de semana para visitar suas famílias, trabalham durante o dia e pernoitam nas celas à noite, etc. É outro tipo de presidio) e em nosso caso o que se quer instalar aqui é um Centro de Detenção e Ressocialização (CDR), de regime fechado.
Estas são algumas poucas informações que se pode dar para ajudar no debate sobre a vinda ou não de uma penitenciaria para nossa cidade. Acredito que prudência deveria ser a palavra de ordem nesse momento e uma avaliação mais profunda deveria acompanhar as discussões. Todos os fatos que narro acima podem ser comprovados com uma simples visita a unidades prisionais do Paraná. Indico as cidades de Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Guarapuava, Francisco Beltrão, onde poderiam principalmente as pessoas que legitimamente se colocam contra a vinda do CDR para Apucarana, entrevistar pessoalmente os diretores de unidades, prefeitos, comandos de batalhões, delegados de policia, associações comerciais e industriais e até a própria comunidade. Tenho certeza que as duvidas seriam desfeitas e o CDR seria uma realidade em nossa cidade. Não podemos tomar uma decisão tão importante baseados em dados furados e/ou inexistentes com a realidade paranaense retirados da internet.
Nada melhor que conhecer para poder decidir bem. Existem pessoas de bem, bem intencionadas se movimentando contra a instalação do Centro de Detenção e Ressocialização em Apucarana, espero que, por falta de conhecimento, não acabem, com enorme boa vontade, causando um desserviço a nossa gente.
Fonte: Luiz Carlos Leitão.

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